“Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, é uma obra que transcende a narrativa convencional ao apresentar a fascinante jornada de Kehinde, uma africana idosa, cega e à beira da morte, que embarca em uma jornada extraordinária da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Dessa forma, a trama se desenrola ao longo dessa viagem, onde as memórias de Kehinde emergem como uma poderosa narrativa de resistência e sobrevivência.
A autora habilmente tece a história de Kehinde em meio a um contexto histórico crucial na formação do povo brasileiro: a era da escravidão. A narrativa mergulha o leitor em um cenário marcado por mortes, estupros, violência e opressão, mas também pela força inquebrável do espírito humano.
O grande mérito do livro reside na maneira como Ana Maria Gonçalves integra os eventos históricos à vida cotidiana dos personagens. O leitor é imerso não apenas nos fatos brutos da história, mas nas experiências humanas que moldaram a trajetória de Kehinde e de outros personagens cativantes.
A escrita é envolvente e poética, criando uma conexão visceral entre o leitor e os personagens. Nesse sentido, a trama, repleta de reviravoltas e emoções, mantém uma tensão constante, prendendo a atenção do leitor da primeira à última página. Assim, o livro é uma verdadeira saga brasileira, carregando consigo o peso da história e revelando a resiliência do povo que ajudou a moldar o país.
“Um Defeito de Cor” é mais do que um romance histórico; é um testemunho impactante da experiência humana diante da adversidade. Ao finalizar a leitura, o leitor é deixado com uma profunda reflexão sobre a história do Brasil e as inquebráveis correntes da determinação humana.