“O Fantasma de Canterville”, de Oscar Wilde, é um conto que mescla habilmente terror e comédia, revelando o talento do autor para a ironia e a crítica social. Publicado originalmente em 1887, a história acompanha um fantasma experiente e habituado a assombrar os moradores de sua mansão, a antiga propriedade de Canterville Chase. No entanto, sua rotina de terror é subitamente interrompida pela chegada de uma família americana que, em vez de se render ao medo, trata suas tentativas de assustá-los com uma indiferença quase cômica.
O humor ácido e inteligente de Wilde permeia toda a narrativa, que vai além da simples história de fantasmas para se tornar uma crítica sutil à sociedade vitoriana e ao choque cultural entre o velho mundo europeu e a nova mentalidade pragmática americana. O fantasma, que antes era temido e reverenciado, agora se vê desafiado por uma família que não apenas ignora seus esforços, mas também oferece soluções práticas para seus “problemas”, como lubrificantes para suas correntes ruidosas.
Wilde usa o fantasma de Sir Simon, um nobre condenado a vagar pela eternidade, como um espelho das ansiedades e hipocrisias da época. Ele mostra que, no fim, o verdadeiro terror não está nos espectros sobrenaturais, mas nos preconceitos e nas convenções sociais que prendem as pessoas, assim como o fantasma está preso à sua maldição.
Nesta edição de bolso da Antofágica, a tradução de Daniel Turela Rodrigues e a capa de Amanda Miranda adicionam um toque moderno e acessível a um clássico que continua relevante. “O Fantasma de Canterville” é uma leitura indispensável para os amantes de literatura que apreciam o equilíbrio entre o humor e a profundidade, comprovando a genialidade atemporal de Oscar Wilde.
Além disso, o QR Code na última página, apresenta uma surpresa: textos extras da edição. Na apresentação, Sérgio Rodrigues, autor de O drible (2013) e A vida futura (2022), compartilha sua experiência de leitura do conto em diferentes fases da vida. Já no posfácio, Manoel Carlos Alves, escritor e doutorando em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia, escreve um ensaio analítico sobre o conto e outros aspectos da obra de Wilde.