“Auto da Compadecida”, obra-prima do autor paraibano Ariano Suassuna, é uma peça teatral que transcende as barreiras do tempo e do espaço. Sobretudo, ela representa um marco singular na literatura brasileira. Escrita em 1955, a peça atinge o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a sofisticação literária. Principalmente, ao mergulhar com maestria nas raízes do Nordeste brasileiro para criar uma narrativa única e envolvente.
A trama se desenrola em três atos, apresentando um intrigante drama nordestino que incorpora elementos da literatura de cordel, comédia e traços do barroco católico brasileiro. Ariano Suassuna, ao se inspirar na rica tradição popular do cordel, dá vida a personagens e situações que ressoam com autenticidade e representatividade cultural.
A linguagem oral utilizada na escrita da peça não apenas reflete a maestria literária de Suassuna, mas também serve como um meio de retratar a diversidade social da região. Os regionalismos cuidadosamente inseridos proporcionam uma imersão completa no ambiente nordestino, enriquecendo a experiência do leitor com a riqueza linguística peculiar da região.
A projeção nacional de Suassuna como um dos grandes expoentes da literatura brasileira foi solidificada por “Auto da Compadecida”. Tanto que, em 1962, Sábato Magaldi, a considerou como “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. Além disso, a obra transcendeu o palco, ganhando vida nas telas do cinema em 2000, sob a direção de Guel Arraes, e se tornou a maior bilheteria do cinema brasileiro por um longo período.
A capacidade única de Suassuna de mesclar a tradição cultural com a inovação literária faz de “Auto da Compadecida” uma peça atemporal e universal. Ao explorar a comédia, a religiosidade e as tradições populares, a obra convida os leitores a uma jornada extraordinária pelas nuances da alma nordestina. Assim, oferece uma apreciação rica e profunda da cultura brasileira.